12 agosto 2009

Carta de uma mãe...

carta Meu querido filho.


Ponho-te estas poucas linhas para saberes que estou viva.
Escrevo devagar por que sei que não gostas de ler depressa.
Se receberes esta carta, é porque chegou.
Se ela não chegar, avisa-me que eu mando-te outra.
Teu pai leu no jornal que a maioria dos acidentes ocorrem a 1 km de casa.
Assim, mudamo-nos para mais longe.
Sobre o casaco que querias, o teu tio disse que seria muito caro mandar-lhe pelo correio por causa dos botões de ferro que pesam muito.
Assim, arranquei os botões e os coloquei no bolso.
Quando chegar aí, prega-os de novo.
No outro dia, houve uma explosão no botijão de gás aqui na cozinha.
Seu pai e eu fomos atirados pelo ar e caímos fora de casa.
Que emoção: foi a primeira vez em muitos anos que teu pai e eu saímos juntos.
Sobre o nosso cão, o Joli, anteontem foi atropelado e tiveram de lhe cortar o rabo, por isso toma cuidado quando atravessares a rua.
Na semana passada,o médico veio visitar-me e colocou na minha boca um tubo de vidro.
Disse para ficar com ele por duas horas sem falar.
O teu pai ofereceu-se para comprar o tubo.
Tua irmã Maria vai ser mãe, mas ainda não sabemos se é menino ou menina, portanto não sei se vais ser tio ou tia.
O teu irmão António deu-me muito trabalho hoje.
Fechou o carro e deixou as chaves lá dentro.
Tive que ir a casa, pegar a chave reserva para o abrir o carro.
Por sorte, cheguei antes de começar a chuva, pois a capota estava abaixada.
Se vires a Dona Esmeralda, diz-lhe que mando lembranças.
Se não a vires, não digas nada.
Beijos

Tua Mãe

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