15/07/2009 Folha Online e Folha de S. Paulo
ZURIQUE -- O maestro britânico Edward Downes, 85 anos, e sua mulher, Joan, 74, fizeram um pacto para morrerem juntos em uma clínica de suicídio assistido na Suíça, informaram os filhos do casal ontem. A eutanásia foi realizada por uma clínica dirigida pela organização Dignitas, na última sexta-feira.
"Após 54 anos felizes juntos, eles preferiram acabar com as suas vidas a ter de continuar lutando contra sérios problemas de saúde. Eles morreram pacificamente e sob as circunstâncias que escolheram", disseram o filho e a filha do casal, Caractacus e Boudicca, por meio de nota.
Os dois morreram de mãos dadas, pouco após tomarem o barbitúricos fornecidos pela Dignitas.
"Eles beberam uma pequena quantidade de um líquido claro, deitaram em suas camas lado a lado e em poucos minutos estavam dormindo", disse Caractacus ao jornal "Daily Mail". "Morreram em dez minutos."
O informe dos filhos diz ainda que Edward --que já regeu a filarmônica da BBC, a Royal Opera e recebeu o título de cavalheiro da rainha Elizabeth em 1991-- estava quase cego e enfrentava um caso de surdez progressiva.
Sua mulher, uma ex-dançarina, coreógrafa e produtora de televisão, estava com câncer terminal, segundo os jornais britânicos --o que não foi confirmado pela família.
As mortes são as últimas de uma série de casos polêmicos que vêm provocando manifestações a favor de uma mudança na lei britânica, que, como na maioria dos países do mundo, proíbe o suicídio assistido e a eutanásia.
Apesar da lei ser clara, os tribunais britânicos têm evitado condenar pessoas que ajudaram parentes decididos a encerrarem as suas próprias vidas.
Ao menos 116 moradores do Reino Unido já viajaram para morrer na Suíça, onde o suicídio assistido é permitido. Até agora, nenhum parente envolvido foi processado judicialmente, segundo a agência britânica BBC.
Suicídio assistido de maestro britânico e sua mulher reabre debate na Grã-Bretanha
15/07 - The New York Times
LONDRES - A controvérsia sobre as questões éticas e legais em torno do suicídio assistido para doentes terminais ressurgiu na terça-feira quando foi anunciado que um dos mais famosos maestros da Grã-Bretanha, Sir Edward Downes, voou para a Suíça com sua mulher e, juntamente com ela, bebeu um coquetel de barbitúricos oferecido por uma clínica especializada.
Edward Thomas Downes, de 85 anos
Segundo amigos que falaram à mídia britânica, Downes não era doente terminal, mas queria morrer junto de sua mulher enferma, que foi sua parceira durante mais de meio século.
Em uma entrevista ao jornal London Evening Standard, os filhos do casal disseram que acompanharam o pai, que tinha 85, e a mãe, Joan, 74, no voo de terça-feira entre Londres e Zurique, onde o grupo Dignitas os ajudou a arranjar o suicídio. Os filhos disseram ter assistido às lágrimas quando seus pais beberam "uma pequena quantidade de líquido claro" antes de se deitarem em camas lado a lado, de mãos dadas.
"Em pouco tempo eles estavam dormindo e morreram em menos de 10 minutos", disse o filho do casal Caractacus Downes, 41. "Eles queriam estar perto um do outro quando morressem".
Ele acrescentou, "esta é uma forma muito civilizada de encerrar sua vida e eu não entendo por que a posição legal deste país não a permite".
Edwards Downes, que foi descrito em uma declaração emitida na tarde de terça-feira por Caractacus Downes e sua irmã, Boudicca, 39, como "quase cego e com audição cada vez mais debilitada", foi o principal maestro da Orquestra Filarmônica da BBC entre 1980 e 1991. Ele também conduziu a Opera Real em Covent Garden, onde realizou mais de 950 apresentações ao longo de mais de 50 anos.
Joan Downes, que segundo os jornais britânicos estava nos estágios finais do câncer, foi bailarina, coreógrafa e produtora de televisão que devotou seus últimos anos a trabalhar como assistente de seu marido.
A tentativa de suicídio é uma ofensa criminal na Grã-Bretanha, bem como ajudar outros a tirarem a própria vida. Mas desde que uma clínica em Zurique coordenada pela Dignitas foi estabelecida em 1998 sob uma lei local que permite que as clínicas ofereçam as drogas letais, as autoridades britânicas têm fingido não ver os cidadãos de seu país que vão até lá para morrer.
Nenhum dos familiares ou amigos que acompanharam as 117 pessoas que viviam na Grã-Bretanha e que viajaram até Zurique para morrer foram acusadas e especialistas legais dizem que é improvável que isso aconteça com os Downes.
Fonte: IG
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