Por: Rodrigo Constantino
De que adianta uma abertura dos Jogos Olímpicos impressionante, se por trás dela consta o total desprezo pelo valor individual? Não obstante a impressão causada na abertura chinesa, de que homens mais parecem formigas organizadas de forma rigorosa como no Exército, eis que agora vem à tona a descoberta de que a pequena cantora estava apenas dublando outra. Lin Miaoke chegou a ser considerada uma estrela após “seu” desempenho cantando o hino chinês durante a abertura da Olimpíada de Pequim. Mas o Comitê Organizador dos Jogos teve que admitir que ela apenas dublou outra menina, Yang Peiyi, pois o Politburo chinês achou que sua voz não era boa o bastante, e que a verdadeira cantora não era bela o suficiente. Os dentinhos tortos de Yang fizeram com que os manda-chuvas da ditadura chinesa a ocultassem do público, usando outra menina em seu lugar, fingindo que cantava de verdade. E o trauma dessa pequena garota talentosa, como fica? No ímpeto de causar uma boa imagem ao mundo, vale tudo para os membros do Partido Comunista Chinês.
Einstein dizia que o nacionalismo é a “doença infantil da humanidade”. O filósofo Schopenhauer chegou a afirmar que “a individualidade sobrepuja em muito a nacionalidade e, num determinado homem, aquela merece mil vezes mais consideração do que esta”. Infelizmente, nada disso é levado em conta por parte dos coletivistas. A mentalidade tribal predomina, e o indivíduo é visto apenas como um meio sacrificável para os “interesses do grupo”. Quem determina tais interesses é algo que poucos questionam. Os autoritários encaram seres humanos como peças num tabuleiro de xadrez, que podem ser movidas ao bel prazer dos poderosos. Não podem! Ao menos não sem graves conseqüências. Adam Smith já havia compreendido isso no século XVIII, e por isso defendia um sistema de “liberdade natural”, com foco na preservação dos indivíduos. A China coletivista é o oposto desse sistema. O indivíduo chinês, mesmo que seja uma pequena garotinha talentosa, não vale muito. Deve se submeter aos “interesses coletivos” da nação. E como nação é um constructo mental, e não um ente concreto, todos devem aceitar as imposições de cima, decididas pelos governantes, que resolvem quais são os tais interesses nacionais.
Por ser totalmente contra esse coletivismo retrógrado e autoritário, que despreza totalmente o valor individual, prefiro torcer pelas medalhas e conquistas de um indivíduo feito Michael Phelps, que merece mesmo ganhar mais medalhas de ouro do que muitos países juntos.
Fonte: Rodrigo Constantino
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