É preciso ter critério para limpar o baú e o guarda-roupa: itens valiosos são raros.
Mas há mercado para peças especiais nos setores de arte, jóias, roupas e quadrinhos.
Fernando Scheller Do G1, em São Paulo
Ricardo Kozesinski, da Rika Comic Shop: edição antiga do Tio Patinhas pode valer R$ 2,5 mil para quem coleciona gibis Disney (Foto: Daigo Oliva/G1)
Um bom dinheiro extra pode estar escondido no fundo do baú, na gaveta da cômoda ou até pendurado na parede. Para isso, basta que o objeto guardado há anos – jóia, quadro, roupa e até gibi – não seja uma apenas uma “velharia”, mas uma peça de colecionador.
Para evitar perder dinheiro, é bom tomar cuidado e conferir se o que parece antigo a olhos comuns não pode fazer a felicidade de um apreciador.
No caso das jóias, existem algumas regras básicas a se seguir. O primeiro passo é saber a procedência da gargantilha, anel, relógio ou broche. Se o produto pertencer a uma marca famosa – como Bulgari e Rolex, por exemplo –, a chance de uma boa venda é ainda maior. Mas o que vai definir mesmo se a peça vale mais do que os materiais nela empregados – ouro, diamantes e pedras preciosas – é o design, o estilo.
De acordo com o avaliador Carlos Eduardo Alves, da Sayegh Joalheiros, no mercado norte-americano – onde a empresa mantém uma loja –, há um grande interesse pelas chamadas “jóias da vovó”. São peças antigas, ou que pelo menos parecem antigas, que atraem um público disposto a pagar um valor extra por elas.
Alves diz que, na hora da avaliação, as jóias adquiridas são separadas em dois grupos: as que serão reaproveitadas e as que serão recicladas.As reaproveitadas, que são vendidas conforme estão, valem mais. Nas recicladas, os materiais serão aproveitados para a feitura de peças novas – e os donos dessas peças “comuns” receberão menos. “Mas estamos interessados nos dois tipos”, diz o avaliador.
Arte
No mundo das artes, a relação de valor dos bens é mais óbvia. Quem tem a sorte de ter um Di Cavalcanti na parede certamente tem noção de que o quadro é valioso – uma tela em óleo do artista deve sair por até R$ 600 mil em um leilão a ser realizado no Rio de Janeiro em agosto, segundo a Bolsa de Artes da cidade.
Entretanto, quem comprou obras de artistas em ascensão está vendo o valor de suas telas aumentar. Uma obra de Beatriz Milhazes pode hoje facilmente valer mais de R$ 100 mil. Adriana Varejão é outro nome em alta. Quando o artista é famoso, até obras mais simples podem valer muito. Um trabalho em guache de Tomie Ohtake tem previsão de ser vendido por algo entre R$ 6 mil e R$ 9 mil no mesmo leilão.
Ao contrário do que ocorre com as jóias, comprar arte para investir é uma prática comum, segundo o leiloeiro Walter Rezende. Quem entende de arte, diz ele, une o prazer de ter uma bela obra com a possibilidade de valorização.“As pessoas não compram desavisadas”, explica, ressaltando que, a exemplo do que ocorre em joalherias, a avaliação de obras de arte também costuma ser feita gratuitamente pelas casas de leilão.
Loja de quadrinhos: revistas antigas são mais valiosas (Foto: Daigo Oliva/G1)
Quadrinhos
Um bom dinheiro também pode estar escondido em um dos símbolos da cultura pop: as revistas em quadrinhos. Embora o mercado brasileiro seja bem menor que o americano, por exemplo, um único gibi pode valer mais de R$ 2 mil. Basta que seja antigo e difícil de encontrar.
Entre os mais valiosos estão os gibis da Disney: o número um do Pato Donald vale R$ 800, enquanto a edição número 9 do Tio Patinhas, considerada rara, pode valer R$ 2,5 mil.De acordo com o proprietário da Rika Comic Shop, Ricardo Kozesinski, essa edição teria sido retirada rapidamente das bancas logo após ter sido lançada por conta de um problema contratual – como existem poucas unidades em circulação, tornou-se especialmente valiosa.
“Itens de colecionador são revistas que marcaram época, que tiveram grande significado quando foram lançadas. Não existe uma regra”, diz Kozesinski.Por isso, afirma ele, o quesito sorte conta muito na hora da valorização de uma coleção. Os gibis da Marvel, segundo o empresário, mostram que o velho não é necessariamente valioso. Uma edição antiga do "Homem-Aranha" não vale mais do que R$ 25 ou R$ 30 nas lojas de quadrinhos do país.
O consultor Kendi Sakamoto, de 53 anos, diz que os colecionadores brasileiros valorizam mais os gibis dos anos 50, que são considerados artisticamente mais bem acabados.Ele, que tem uma construção de 120 metros quadrados inteiramente dedicada a seus milhares de gibis, diz que busca as revistas que lia na infância, como "Flash Gordon" e "Tarzan". Desta última, o consultor tem toda a coleção de 700 exemplares – as primeiras cem edições, segundo ele, valem o equivalente a R$ 5 mil.
Guarda-roupa
Roupas que estão jogadas no fundo do armário também podem virar dinheiro. Nos brechós, geralmente o vendedor recebe 10% do valor que o proprietário calcula que conseguirá tirar do produto, explica Franz Ambrósio, do Minha Avó Tinha, de São Paulo, que tem cerca de 20 mil peças em seu acervo.
Segundo ele, roupas e móveis considerados "vintage" – peças antigas que voltaram à moda – são de interesse das lojas de segunda mão.
Com roupas nesse estilo, explica Ambrósio, não há preocupações com a marca. Entretanto, no caso das roupas usadas, a etiqueta costuma ser levada em conta, pois os brechós viraram uma forma que as pessoas têm de comprar marcas caras a preços bem mais em conta – e encher novamente o guarda-roupa.“Uma camisa xadrez hoje custa entre R$ 80 e R$ 250 no shopping. Aqui, vai custar entre R$ 15 e R$ 40”, explica. “Vai ser sempre abaixo do preço da liquidação.”
G1 > Economia e Negócios - NOTÍCIAS - Saiba como fazer dinheiro com as 'velharias' guardadas em casa
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