01 julho 2008

Filho não segura marido.

Data: 03/11/2005
Por: Isabel Vasconcellos

Muitas mulheres tentam engravidar na esperança de que a chegada de um filho possa salvar-lhes o casamento. As mulheres, é claro, são ligadíssimas em sua prole, acreditam que o filho é a coisa mais importante de suas vidas e a história da humanidade está cheia de exemplos edificantes de mães que fazem qualquer coisa por seus filhos. A tendência do pensamento feminino, portanto, é acreditar que seus parceiros homens nutram o mesmo sentimento que elas com relação aos filhos. Mas isso está muito longe da verdade.

É claro que existem homens que são ligadíssimos em seus filhos, existem homens que exercem plenamente essa coisa chamada paternidade. Mas são exceções. A maioria dos homens não se comove com seus filhos. Não estou dizendo que eles não tenham sentimentos em relação à prole. No entanto, estes sentimentos são muito diferentes dos sentimentos das mulheres.

A coisa mais importante, para os homens, numa relação com a mulher, é o sexo.

Ainda existem homens que acreditam que as mulheres se dividem em duas categorias: aquela que é a mãe de seus filhos e aquela que é para fazer sexo. Para homens que ainda pensam assim, o casamento é um mero dever social e de procriação. É para que ele constitua família e para o que o seu (dele) nome permaneça na face da terra. Sexo ele vai procurar nas outras. Nesse caso, ter filhos para “segurar” o marido até pode funcionar. Mas o que a mulher encontrará em homens desse tipo não é exatamente o amor (com o qual todas as mulheres sonham), nem a cumplicidade. É apenas o dever de marido e chefe de família. Sexo ele vai fazer com outras. E sobrará para a esposa apenas o papel de mãe e de dona de casa.

Este homem, do parágrafo acima, é felizmente uma espécie em rápido processo de extinção.

O homem mais moderno encara a mulher como a companheira, alguém com quem ele divide o cotidiano. Mas o sexo continua sendo, para ele,a coisa mais importante na relação.

Por outro lado a mulher foi, por milênios, condicionada a não ter prazer sexual e continua sendo difícil para as mulheres de hoje encarar o sexo como prazer e ponto final. Muitas – talvez a maioria – ainda vinculam o sexo ao amor. Muitas, no começo da relação, fingem grandes orgasmos apenas para agradar ao parceiro. Quando vem o casamento, e elas se sentem seguras, começam a relaxar neste fingimento e o resultado é o fracasso da vida sexual conjugal. Quando este fracasso começa a dar os seus primeiros sinais, o homem se sente insatisfeito com a relação e começa a achar que não se uniu, afinal, à mulher ideal para ele. É exatamente nesse momento que as mulheres, vendo o seu casamento ir para o brejo, pensam em engravidar para “segurar” o marido. Ledo engano. Uma gravidez, neste contexto, tem exatamente o efeito contrário. Basta, para confirmar isso, ver o grande número de mulheres que, logo depois de uma gravidez, são abandonadas por seus companheiros e, geralmente, trocadas por uma mulher cujo apelo sexual é maior que o delas.

Uma vida a dois, de companheirismo, amor e cumplicidade, começa na cama. Sei que muitas mulheres torcerão o nariz diante dessa afirmação. Mas essa é a mais pura verdade.

A errônea idéia de que o amor vem em primeiro lugar, antes do sexo, é apenas mais uma manifestação feminina da longa repressão sexual à qual as mulheres foram expostas por milênios. O amor vem junto com o sexo. E nem sempre o sexo, a atração sexual, significa amor. Na maioria das vezes, não significa. O sexo, porém, é o que segura e mantém a relação de amor. Muito mais do que outros valores que vêm junto com o amor, como a dedicação, a cumplicidade, etc.

Os homens não estão errados. O que está errado é a visão feminina do sexo. Uma visão que é fruto da repressão cultural que as mulheres vivenciaram por milênios.

Antes de tentar engravidar para “salvar” um casamento, seria melhor procurar uma ajuda profissional para a vida sexual. Hoje em dia, esta ajuda está disponível até nos serviços públicos de saúde. Além disso, em matéria de sexo, o diálogo ajuda bastante. Conversar francamente com o parceiro, realizar jogos de sedução, usar todos os artifícios (da lingerie ao jantar romântico à luz de velas) pode sim, incrementar a relação.

Uma relação onde o sexo ocupe um papel primordial, certamente sobreviverá aos 9 meses de gravidez da mulher. Uma relação onde o sexo esteja capenga, com uma gravidez, despencará rapidamente. Além disso, usar uma gravidez para tentar salvar um casamento, é uma coisa indigna. É usar um ser que ainda nem nasceu, é transformar um filho em instrumento. É burrice e indignidade.

www.isabelvasconcellos.com.br

Isabel é apresentadora e produtora do Saúde Feminina (segunda a sexta, meio dia, na Rede Mulher de TV) e autora de vários livros.

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Um comentário :

Sivone Barbosa disse...

Oi concordo com você sou até suspeita em falar...prq seu livro sexo sem vergonha comeu minha mente muito bom 10 parabéns