09 maio 2009

O Flamejar da Bandeira da Confederação

confederada

 

 rockwell  Por Llewellyn Rockwell

 

Por todo o mundo, a bandeira de batalha da Confederação é um sinal de independência do Estado central. Dez anos atrás, por exemplo, nos países do Leste Europeu, muitas organizações dissidentes e revolucionárias a carregavam, mostrando que conheciam nossa história melhor do que aqueles que hoje, nos EUA, protestam contra a bandeira.

A insurgência mais recente foi na Carolina do Sul. O estádio de futebol da faculdade Citadel foi construído por engano sobre os restos mortais de 22 marinheiros confederados. Quando isto foi descoberto, eles foram removidos e re-enterrados em um cemitério próximo. Dual mil e quinhentas pessoas compareceram à cerimônia para honrar os mortos e a brava causa pela qual eles lutaram e morreram.

É claro que o simbolismo da Confederação estava por toda a parte. Monumentos confederados enchiam o cemitério. Os caixões foram envolvidos com a bandeira de batalha. Antes de os corpos serem descidos às covas, as bandeiras foram cuidadosamente dobradas e entregues à uma senhora em trajes daquela época. O grito rebelde foi dado. A multidão cantou "Dixie". Foi um momento glorioso, sem um só olho seco presente.

Em um mundo normal, esta manifestação pública seria vista com uma magnífica demonstração de amor e respeito de um povo por sua história. Mas, nos últimos anos, esta história foi declarada perversa, e removida da vida pública americana. Qualquer desfraldar da bandeira produz gritos de racismo, mesmo quando são membros negros dos grupos de veteranos confederados que o fazem (sim, muitos negros lutaram orgulhosamente pela Causa Perdida).

Considerando o tamanho e o intrusivismo do governo federal, não é culpa dos sulistas que o uso do simbolismo da Confederação assuma um significado político bastante similar ao original. Quanto mais os federais e os órgãos de propaganda afim atacam o Sul e sua história, mais inspiram mostras de independência e o crescimento de organizações voltados para os direitos sulistas.

A Carolina do Sul continua a luta da bandeira em sua assembléia legislativa. A NAACP mantém um boicote contra o estado, o que infelizmente não quer dizer que a organização se recuse a aceitar o dinheiro do estado como parte dos amplos subsídios federais que recebe.

As bases do boicote são tão familiares quanto tediosos: a bandeira confederada representaria a escravidão. Por quê? As tropas sulistas estavam lutando por estados que permitiam a escravidão. Mas o mesmo se poderia dizer da bandeira nacional americana. Ela também foi levada por uma nação que permitia a escravidão. É claro que a escravidão não é o que se pretende que a bandeira da União represente em primeiro lugar. Assim também com a bandeira de batalha, apesar da paranóia dos esquerdistas que pensam que o mal mora no coração de todo aquele simpático ao Sul.

Na verdade, só um pequeno número de soldados no campo de batalha vinham de famílias que possuíam escravos. Uma rápida olhada em qualquer um dos discursos ou cartas de qualquer patriota do Sul da época mostra, como multidões de historiadores provaram, que o assunto mesmo era a liberdade. Todos acreditavam estar repetindo e renovando os ideais da Revolução Americana.

Particularmente, o Sul estava lutando pelo direito de não ser tiranizado pelo Norte, que tomou o controle do aparato federal de poder com a eleição de Lincoln em 1860, e prometeu impor todas as formas de opressão económica a estados já taxados desproporcionalmente pela tarifa. Em face de tal possibilidade, o Sul decidiu exercer seu direito de separar-se, um direito que se julgava amplamente garantido pela constituição.

O direito de secessão foi ensinado no texto constitucional usado em West Point. O direito foi inserido em várias constituições de estados quando a constituição federal foi ratificada. Ele foi ameaçado pelos estados do Norte durante a Guerra de 1812 na Convenção de Hartford. De fato, até o Sul ter se rendido, a idéia de secessão era vista como a garantia mais fundamental do federalismo. Repare que o federalismo está morto desde que o Sul perdeu, exatamente como o grande defensor da Confederação, Lord Acton, disse que estaria.

Opositores da bandeira confederada rapidamente apontam para o fato de que estas bandeiras não têm tremulado assim continuamente desde a guerra contra o Sul. Elas surgiram no fim dos anos 50 e nos anos 60 durante as contendas a respeito da integração forçada. É verdade, mas isto não demonstra que o racismo era a motivo. O termo operante aqui é "forçada": assim como as tropas nortistas invadiram o Sul numa guerra, e então estabeleceram uma ditadura militar, a integração forçada foi uma imposição inconstitucional sobre os direitos do Sul de gerenciar seus próprios assuntos.

Mas grupos violentos e cheios de ódio não utilizaram a bandeira como símbolo? Sim, e verdadeiros Confederados os repudiam de bate-pronto. Por outro lado, símbolos poderosos como este, representativo de um espírito rebelde e de oposição ao regime, são de provável utilização por qualquer grupo de oposição. Aqueles que honram a memória da Confederação também provavelmente não deixarão a KKK usurpar seu símbolo assim como não deixarão os esquerdistas riscar a sua nobre história.

É claro que seria muito mais fácil simplesmente se render e parar de honrar a Confederação, derrubar as estátuas, parar de entoar "Dixie", deitar abaixo as lápides. Mas todas estas coisas transcendem suas propriedades materiais. Elas mostram a idéia original de que vale a pena lutar pela liberdade mesmo com poucas chances, e que é bom recordar e honrar aquela causa mesmo quando ela está perdida.

É por esta razão que Richard Weaver, grande filósofo e homem de letras, escreveu que "o Sul é a última civilização não-materialista do mundo ocidental. É este refúgio de sentimentos e valores, da afinidade espiritual da crença na palavra, da reverência pelo simbolismo, cuja existência assombra a nação. Ele é maldito por suas virtudes e elogiado por suas faltas, e há aqueles que desejam seu aniquilamento. Mas o mais revelador de tudo é o medo de que nele ocorra a gestação do impulso revolucionário do futuro."

Impedir até mesmo a possibilidade desta gestação, eis precisamente por que querem abaixar a bandeira.

(Tradução de Pedro Sette Câmara)

Llewellyn H. Rockwell Jr. é presidente do Instituto Ludwig Von Mises em Auburn, no Alabama (EUA) e colunista do WorldNetDaily . "O Indivíduo" acaba de firmar com ele um acordo para traduzir regularmente seus artigos.

Fonte: O Flamejar da Bandeira da Confederação

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