15 abril 2010

Cientista italiano diz que humanidade será bissexual

20061216155955homo_203Assimina Vlahou
De Roma

                                      

Para médico, sociedade caminha para modelo único

Um conhecido cientista italiano está causando grande polêmica no país depois de ter apresentado uma teoria dizendo que a espécie humana está caminhando para o bissexualismo.

Durante uma conferência neste fim de semana na região da Toscana, Umberto Veronesi, que é médico e ex-ministro da Saúde, afirmou que a espécie humana deve caminhar para o bissexualismo “como resultado da evolução natural das espécies”.

“O homem está perdendo suas características e tende a se transformar numa figura sexualmente ambígua, enquanto a mulher está se tornando mais masculina. Desta forma a sociedade evolui para um modelo único”, afirmou Umberto Veronesi, que é oncologista.

Na opinião do cientista, o sexo no futuro será apenas um gesto de demonstração de afeto e não terá fins reprodutivos. Por esta razão, defende, poderá ser praticado entre pessoas de sexos opostos ou não.

Evolução e hormônios

Em entrevista a jornais italianos, Veronesi reafirmou sua teoria, apontando o fator hormonal como indicador da evolução rumo ao bissexualismo.

“Desde o pós-guerra a vitalidade dos espermatozóides diminuiu 50% porque as mudanças das condições de vida estão fazendo com que a hipófise (glândula responsável pela produção dos hormônios) produza cada vez menos hormônios andrógenos (masculinos)”, afirma o oncologista, pioneiro no tratamento de câncer de mama na Itália.

“O homem não precisa mais de uma intensa agressividade física para sobreviver”, diz ele.

Com as mulheres, que tem papel cada vez mais ativo na sociedade, acontece o mesmo.

Segundo o médico, as mulheres vem produzindo cada vez menos hormônio femininos ao longo dos anos.

“É o preço que se paga pela evolução natural da espécie, que é positivo porque nasce da busca pela igualdade entre os sexos”, afirmou o oncologista ao jornal Corriere della Sera.

A menor produção de hormônios acabaria atrofiando os órgãos reprodutivos e criando uma espécie de “preguiça reprodutiva”, na avaliação de Umberto Veronesi. Para o médico o sexo deixou de ser a única forma para procriar desde que novas técnicas foram criadas, como fecundação artificial e a clonagem.

Mundo das abelhas

Na opinião do médico, num futuro não muito próximo, a sociedade poderia ser organizada como o mundo das abelhas. A maior parte de seus membros seria praticamente assexuada e só uma pequena parte se dedicaria à reprodução.

“A diferença é que os homens são inteligentes e isto produz reações sentimentais, além de fisiológicas”, afirmou Veronesi.

A professora de sexologia da Universidade La Sapienza de Roma, Chiara Simonelli, concorda com as previsões de Umberto Veronesi.

Ela define este processo como resultado da evolução genética e da mudança de mentalidade, fenômenos que são interligados e se influenciam reciprocamente,

“Mas este fenômeno está no começo. Para que tenha uma certa consistência é preciso esperar duas ou três gerações”, afirmou Simonelli em entrevista ao Corriere della Sera.

O antropólogo Fiorenzo Facchini, da Universidade de Bolonha, discorda com a teoria da evoluçao natural para o bissexualismo.

“Do ponto de vista antropológico, a orientação sexual é definida a nível biológico pela espécie e isto não pode ser alterado”.

Para Facchini, a separaçao entre reprodução e sexualidade humana não é positiva.

“Separar a reprodução da sexualidade e do núcleo familiar não pode ser visto como uma vantagem para a espécie humana. A reprodução nao é apenas encontro de gametes, implica relação entre duas pessoas", declarou Facchini ao Corriere della Sera.

Fonte: Folha Online

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